Hospital de Combate à Covid-19 começa a receber pacientes na primeira ala indígena do Brasil
Dois indígenas, de Manaus e de Nova Olinda do Norte, já estão sendo atendidos pela equipe
O Hospital de Combate à Covid-19, na Nilton Lins, começou a receber pacientes na primeira ala hospitalar para tratamento de indígenas com o novo coronavírus. Uma mulher venezuelana de 29 anos, da etnia Warao, e um homem de 81 anos, da etnia Munduruku, deram entrada na unidade para receber os tratamentos diferenciados ofertados pela equipe do hospital.
A ala dedicada aos pacientes indígenas foi inaugurada, nesta terça-feira (26/5), com 53 leitos exclusivos para indígenas e atendimento humanizado de acordo com cada etnia.
A primeira paciente regulada tem 29 anos e é venezuelana na etnia Warao. Ela estava no Hospital e Pronto-Socorro 28 de Agosto e foi transferida para a unidade de referência na noite de quarta-feira (27/5).
Na manhã desta sexta-feira (29/5), um idoso de 81 anos, da etnia Munduruku, deu entrada no hospital, vindo do município de Nova Olinda do Norte (distante 130 km de Manaus). Ele foi transportado por meio do serviço de UTI aérea ofertado pelo Governo do Estado. Ele deu entrada na unidade com o quadro grave de Covid-19, mas está estável segundo a equipe médica.
“Assim que chegam esses pacientes passam por avaliação e, caso ainda não tenham diagnóstico de Covid confirmado e sejam caso suspeito, é feito o teste, que pode ser tanto o PCR, dependendo do dia, ou o teste rápido”, afirmou a diretora do hospital, tenente Adeagna Laborda.
Atenção humanizada - Além dos profissionais de saúde contratados pelo Estado, entre eles os aprovados no concurso público do Corpo de Bombeiros Militar, que já estão atuando na unidade desde a inauguração, também vão atuar no local 53 profissionais, entre enfermeiros, fisioterapeutas e farmacêuticos, contratados pelo Ministério da Saúde por meio do Programa “Brasil Conta Comigo”.
A nova ala também conta com um grupo de profissionais indígenas, além de não indígenas especializados no trato humanizado de diversas etnias.
“É pela necessidade de eles terem um comportamento diferente, uma cultura diferente, a crença diferente. Então, a gente precisa manter o respeito e manter a qualidade do atendimento, associando a sabedoria médica, a medicina tradicional e os conhecimentos indígenas sem interferir, sem ter atrito nas culturas, nas crenças desses pacientes. Então, o nosso objetivo é aproximar a nossa medicina tradicional com a experiência que nós temos no atendimento, na vivência, junto com essas tribos, etnias, junto a um conhecimento médico”, afirmou Israelson Taveira, médico coordenador da ala indígena.
Além de prezar pelo conforto físico do paciente, a iniciativa também pretende respeitar princípios da Saúde Indígena, com a presença de um pajé, aliando a medicina tradicional aos saberes indígenas.
“As condutas tomadas compartilhadas, nada (nenhuma decisão) vai ser tomada apenas pelo médico, vai ser compartilhado onde vai ter um pajé próximo nosso aqui também. Então, a gente vai criar um diálogo, uma proximidade junto às comunidades indígenas visando as suas necessidades, suas dificuldades. Uns já têm um perfil epidemiológico, um perfil patológico diferente, certas medicações não funcionam com certas etnias indígenas, então, a gente vai ter esse cuidado, o olhar clínico, mas voltado para o indígena”, afirmou Taveira.
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