O Amazonas vive os piores dias da história - AMAZON NEWS NO AR

O Amazonas vive os piores dias da história

Artistas nacionais metem a mão no bolso para ajudar Amazonas, mas por aqui, entidades se limitaram a divulgar nota implorando solidariedade

O apoio que foi pedido aos Estados Unidos, chegou da Venezuela

Advocacia Geral da União quer manter ENEM no domingo

Manaus amanheceu nesta sexta-feira (15/1) ainda chorando pelas mortes provocadas pela falta de oxigênio medicinal nos hospitais. A tragédia poderia ter sido ainda pior se não fosse a garra e o profissionalismo de médicos, enfermeiros, auxiliares, fisioterapeutas, enfim de todos os profissionais que salvaram dezenas de vidas mesmo sem o básico necessário, mas com muita técnica e coração. Dia em que o pulmão do mundo ficou sem ar, em que o grito de socorro foi ecoado pelo planeta através das redes sociais e a ajuda veio de artistas, celebridades, governadores de muitos estados e da Venezuela.

Responsabilidade de todos

O dia em que o vírus se mostrou que está muito mais agressivo e fatal. Dia que expôs a responsabilidade de todos – Governo Federal, Governo Estadual, Prefeitura e parte da população que promoveu aglomerações e ajudou a propagar o vírus. O dia em que mais uma vez o Amazonas bateu recorde de casos (mais 3.816 pessoas testaram positivo para a Covid-19) e enterrou mais 187 cidadãos. O dia em que foi decretado toque de recolher em todo o Estado. Dia em que nossos irmãos morreram asfixiados.

Tinha cloroquina mas não tinha oxigênio

Dia em que faltou governo e faltou ar. Dia em que se oferecia cloroquina e não tinha O2. Dia em que o País descobriu que não tem avião para transportar botijas de oxigênio e apelou para os Estados Unidos, mas a oferta de ajuda veio da falida Venezuela. Dia em que um cilindro de oxigênio foi o bem mais desejado e que escancarou o colapso do sistema de saúde do Estado. Dia em que o medo, a dor, o choro, o sofrimento e a solidariedade abraçaram o maior Estado do País.

Como será o amanhã

O cenário para os próximos dias ainda é tenebroso. O abastecimento de oxigênio só deve ser regularizado no sábado (16/1). E o número de pessoas que precisam ser internadas é crescente. Não há mais leitos. Cerca de 700 pacientes estão sendo transferidos de Manaus para outros estados para abrir vagas para novos pacientes com sintomas graves da doença. Os profissionais de saúde estão exaustos e psicologicamente abalados.

Ruas ficam desertas

O toque de recolher esvaziou a cidade a partir das 20h. As principais ruas e avenidas da capital ficaram desertas. Para o pesquisador da Fiocruz, Jesem Orellana, não basta o toque de recolher. É preciso o lockdown total. Caso contrário, teremos ainda mais pessoas morrendo em casa, nas portas dos hospitais e dentro das unidades de saúde. Orellana faz alertas desde o ano passado sobre medidas necessárias, mas é ignorado.

A força do vírus na segunda onda

Os profissionais de saúde estão impressionados com as novas formas de ação do vírus. Nessa segunda onda, os pacientes estão agravando a partir do quinto e sexto dia e ficando mais tempo internados. Crianças e jovens estão sendo mais infectados e muitos apresentando sintomas graves, necessitando de tratamento intensivo. O inimigo está ainda mais agressivo e fatal. Os especialistas temem que esse vírus mais potente seja a variante identificada Inicialmente no Japão em pessoas que estiveram no Amazonas no início deste ano e que reinfectou ao menos dois moradores de Manaus.

Winderson, o humor solidário

O movimento liderado pro humorista Winderson Nunes mobilizou várias celebridades (Paulo Coelho, Tatá Werneck, Hugo Gloss, Maria Mendonça, Wesley Safadão, Richarlison Andrade, entre outros) para doar cilindros de O2 para Manaus. Até ontem à noite tinha conseguido a doação de 150 cilindros de 50 litros. Enquanto isso, entidades públicas e privadas do Amazonas com recursos em Caixa, se limitaram a divulgar notas de solidariedade.

Isolamento é uma “sentença de morte”, diz David

Em entrevista à Folha de São Paulo, o prefeito David Almeida (Avante) afirma que a falta de oxigênio na rede hospitalar da capital é culpa do isolamento geográfico da cidade, onde se acessa apenas por avião ou barco. “Esse isolamento nos torna distantes e diferentes, não temos acesso ao resto do Brasil e isso, neste momento, é uma sentença de morte. Se tivéssemos a estrada não estaríamos passando pelo que estamos passando”, disse David, referindo-se à BR 319.

Cilindros são confiscados

Por notificação extrajudicial, a Secretaria de Estado de Saúde determinou que empresas da Zona Franca de Manaus entreguem seus estoques ou produção de oxigênio para serem usados nas unidades de saúde. Policiais militares estão indo às empresas buscar cilindros. Teve empresa, como a Honda, que por iniciativa própria doou os cilindros para os hospitais.

Ministério foi alertado

Igor da Silva Spindola, procurador da República do Amazonas, afirmou que o Ministério da Saúde foi alertado há pelo menos quatro dias que faltaria oxigênio nos hospitais de Manaus.”O estado não se preparou. E como se não bastasse, a direção de Logística do Ministério da Saúde só se reuniu hoje(quinta-feira (14)) para tratar disso após ser avisada há quatro dias”, disse à revista Época o procurador que atua na área de saúde no estado.

Enem sob recurso

A Advocacia Geral da União (AGU) recorreu contra a decisão judicial que suspendeu a realização das provas do Enem, no Amazonas. Argumentou “dano irreparável aos estudantes do estado do Amazonas” para fazer o recurso. Segundo a AGU, o adiamento vai gerar um “efeito cascata” e afetar todos os processos do Sisu, Fies e Prouni.

Vacinas no Amazonas

Apesar da situação de colapso na saúde, o Amazonas ficou de fora da lista de sete estados que não vão conseguir iniciar a vacinação, por falta de estoques de seringas. Acre, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Paraíba, Pernambuco e Santa Catarina ainda não têm os equipamentos suficientes.

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