Brasil não está preparado para tecnologia 5G quando o assunto é segurança na internet
O combate a crimes praticados na internet
passa pelo estabelecimento de um marco legal efetivo, o desenvolvimento de
sistemas eficientes e, principalmente, políticas públicas de educação digital.
Tudo isso envolvendo todos os elos da sociedade – cidadãos e organizações
públicas, privadas e do terceiro setor.
Essas foram algumas das considerações
consensuais surgidas em um debate online promovido pela Apura (empresa
brasileira especializada em segurança na internet) e o Instituto de Estudos
Jurídicos Aplicados (Ieja).
Denominado “Ciberguerra: o crime agora é na
internet”, o evento reuniu o senador Marcos do Val, do Espírito Santo, titular
da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência do Senado; o
delegado Alesandro Gonçalves Barreto, coordenador do Laboratório de Operações
do Ministério da Justiça; e Sandro Süffert, presidente da Associação Nacional
de Cibersegurança, e CEO da Apura.
O parlamentar, por exemplo, falou da
importância da Proposta de Emenda Constitucional 03/2020, em tramitação no
Senado, e que estabelece as competências da União para legislar sobre defesa
cibernética, bem como fixa as competências de todos entes federados (Estados e
Municípios) na questão.
A PEC 03/2020 está, desde fevereiro, na
Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado, e o senador ressaltou
no encontro online ser fundamental intensificar os debates para que a proposta
siga adiante em sua tramitação. Marcos do Val observou, no entanto, que, pela
complexidade, o tema ainda é pouco conhecido pelos colegas parlamentares.
O senador defende que o marco legal seja
concluído antes da chegada da tecnologia 5G ao Brasil. A tecnologia amplia
extraordinariamente o fluxo de dados digitais e, como efeito colateral, pode
aumentar os riscos de insegurança na internet. “É preciso um marco para
regulamentar essa implementação, para garantir proteção”, afirmou.
CIBEREDUCAÇÃO
Por sua vez, o delegado Alesandro Gonçalves
Barreto, coordenador do Laboratório de Operações do Ministério da Justiça,
acrescentou a importância do que ele chamou de “cibereducação”, isto é,
políticas educacionais que promovam o letramento digital. Essas ações devem ser
voltadas não só a crianças, como a adultos também, pois estes são, como
definiu, “migrantes” do mundo offline para o universo online.
“As inovações tecnológicas surgem quase
diariamente. É difícil para o cidadão acompanhar. Há muita vulnerabilidade. E
não há o hábito de se checar informação. Há a ânsia por postar primeiro. Então
quando chega uma mensagem com ‘urgente!’, ‘não deixe e ler’, ‘leia antes que
retirem do ar’, é comum não se checar. É preciso uma ‘cibereducação’”, comentou
o delegado.
CULTURA
DA PRIVACIDADE
O presidente da Associação Nacional de
Cibersegurança, Sandro Süffert, que é o CEO da Apura, reforçou as palavras do
delegado, salientando a falta de uma “cultura da privacidade”. “Para obter um
desconto na farmácia, na loja, o consumidor informa seu CPF sem o devido
conhecimento de que é um dado seu que está sendo cedido”, exemplificou.
Sandro Süffert pontuou que a Lei Geral de
Proteção de Dados Pessoais (sancionada em 2018) representou um passo
significativo, todavia acrescentou que a segurança na internet é de grande
complexidade, e exige articulação entre entes da sociedade e investimentos
constantes no desenvolvimento de soluções.
“É a importância da resiliência. Da prevenção;
de [o cidadão, ou a organização] perceber muito cedo que está sendo vítima.
Detectar as ameaças antes que elas se concretizarem. Porque o atacante está
sempre em vantagem, ele vai ‘por baixo do radar’. Se encontra uma brecha, ele
ataca”, expôs o especialista, citando as mensagens por e-mail, por aplicativos
como Whatsapp e a invasão de sistemas como os meios mais recorrentes de ataques
cibernéticos.
INTELIGÊNCIA
Para a detecção antecipada, Sandro Süffert
citou ser fundamental o desenvolvimento de inteligências em fontes abertas.
Tratam-se de soluções tecnológicas capazes de identificar ameaças combatendo-as
antes do êxito do ataque.
Nesse sentido, a Apura tem no mercado mundial
uma das soluções mais reconhecidas: a plataforma Boitatá, que age de forma
pró-ativa. "Garantir segurança, em especial segurança cibernética, sem
ferir a democracia é um dos principais desafios da sociedade, e é isso que
devemos buscar", assinalou o especialista.
Fonte e Foto: Divulgação
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