Pimenta produzida por indígenas do AM chega a supermercados de São Paulo

Produzida na Terra Indígena Alto Rio Negro (AM), em São Gabriel da Cachoeira, a Pimenta Jiquitaia Baniwa está à venda em sete lojas de São Paulo

A Pimenta Jiquitaia Baniwa, produzida por mulheres do povo Baniwa na Terra Indígena Alto Rio Negro (AM), no município de São Gabriel da Cachoeira, distante 1.109 quilômetros de Manaus, agora faz parte do Programa Caras do Brasil do Grupo Pão de Açúcar. O produto está à venda em sete lojas em São Paulo (SP), a R$ 29,90 o potinho de 15g.

Cada um deles contém uma jiquitaia, isto é, uma mistura de pimentas desidratadas e piladas com sal com sabor levemente defumado e alta picância. São, ao todo, 78 variedades de pimenta registradas nas roças e quintais Baniwa, entre elas as pimentas bico de mutum, bunda de saúva, jaburu, roxa, malagueta, bode, braço de camarão, dente de onça, bico de peixe lápis, branca, fruta de abiu e a jolokia baniwa.

A variedade de cores, tamanhos e picância, descritas em livro, é uma amostra da potência da biodiversidade do Sistema Agrícola Tradicional do Rio Negro, reconhecido como patrimônio imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

A renda obtida com a venda do produto é repassada para cerca de 80 produtoras e gerentes das cinco Casas da Pimenta, que formam uma rede de unidades de beneficiamento e envase em comunidades da bacia do rio Içana.

“Faz tempo que a gente sonhava em entrar nesse mercado”, diz Alfredo Brazão, gerente de comercialização da Organização Indígena da Bacia do Içana (Oibi), responsável pela venda da Pimenta Baniwa. “Esperamos que gostem da pimenta e continuem divulgando nosso trabalho, que valoriza o conhecimento das produtoras.”

Os Baniwa gostam de dizer que os potinhos são como livros que as comunidades indígenas enviam para o mundo ler. A pimenta jiquitaia é considerada “alimento para corpo e alma”, com diversos usos tradicionais.

Na culinária do Rio Negro, ela é usada para realçar o sabor de pratos como a quinhapira (caldeirada de peixe) ou na carne de caça. Em restaurantes, a Pimenta Jiquitaia Baniwa já foi adaptada para uso em massas, risotos e caldos, como o ramen do restaurante Jojo Lab, em São Paulo, que fez parte do Festival pelos Povos da Floresta, realizado em dezembro passado.

Como insumo, a pimenta do povo Baniwa também faz sucesso na cerveja Baniwa Chilli, produzida na Irlanda pela Hopfully Brewing, nos chocolates da Na’kau e no molho de açaí da Soul Brasil.

A entrada da Pimenta Jiquitaia Baniwa no programa Caras do Brasil, que busca valorizar a produção sustentável, a culinária regional, os pequenos produtores e o sabor brasileiro, é mais um reconhecimento da excelência do produto. Você pode encontrá-la nas lojas Pão de Açúcar Jardim Paulista, Real Parque, Clodomiro Amazonas, Ricardo Jafet, Sócrates, Shopping Iguatemi e Praça Panamericana, todas na capital paulista.

A Pimenta Baniwa pode ser encontrada também em mais de 30 pontos de venda espalhados pelo Brasil, Estados Unidos e Peru.

Quem são os Baniwa?

Os Baniwa são um povo indígena de língua Aruaque, com uma população estimada de 15 a 18 mil pessoas. Vivem em cerca de 200 comunidades e sítios, como parte do complexo cultural do noroeste amazônico, nas cabeceiras da bacia do Rio Negro, entre Brasil, Colômbia e Venezuela.

No Brasil, os Baniwa são os ocupantes milenares da bacia do rio Içana, onde estão localizadas 95 comunidades e sítios que abrigam entre 7 a 8 mil pessoas. Saiba mais sobre os Baniwa no site Povos Indígenas do Brasil. Clique aqui.

O projeto da Pimenta Baniwa é fruto da parceria de longo prazo que envolve a Organização Indígena da Bacia do Içana (Oibi), o Instituto Socioambiental e o Instituto ATÁ. A marca foi criada em 2013 com a inauguração da primeira central de beneficiamento de pimenta jiquitaia - a Casa de Pimenta Dzooro - e conta hoje com outras quatro unidades distribuídas ao longo do território Baniwa.


Por: Acrítica 

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