Brasil e
Paraguai cancelaram hoje (1) a ata de um acordo entre os dois países,
voltado para a compra de energia elétrica produzida pela Usina Hidrelétrica de
Itaipu. O documento foi assinado pelo embaixador do Brasil no Paraguai, Carlos
Simas Magalhães, e pelo embaixador paraguaio no Brasil, Federico González, em
Assunção. Com essa medida, as áreas técnicas dos dois governos voltarão a
negociar a contratação da energia de Itaipu.
O pedido de anulação da ata foi feito pelo
governo paraguaio, após a divulgação das condições do documento, o que
desencadeou uma crise política no país vizinho. Após a assinatura do
cancelamento do acordo, o novo chanceler paraguaio, Antonio Rivas Palacios,
explicou que, em princípio, a reunião estava prevista para ocorrer em Brasília,
mas o governo brasileiro concordou em adiantar a anulação da ata.
Mais cedo, o Ministério das Relações
Exteriores informou que acompanha “com grande atenção” os desdobramentos
da crise política no Paraguai. “O Brasil acompanha com grande atenção
os acontecimentos no Paraguai que envolvem o processo de "juízo
político" contra o presidente Mario Abdo Benítez”, diz o comunicado do Itamaraty.
O caso, que resultou na renúncia do chanceler
Luis Castiglioni e do embaixador paraguaio no Brasil Hugo Caballero, aumentou a
pressão sobre o presidente Mario Abdo Benítez, que corre o risco de sofrer um
processo de impeachment.
“Ao reiterar total respeito ao processo
constitucional do Paraguai, o Brasil confia em que o processo seja conduzido sem
quebra da ordem democrática, em respeito aos compromissos assumidos pelo
Paraguai no âmbito da cláusula democrática do Mercosul - Protocolo de Ushuaia”,
afirma ainda a nota do Itamaraty.
A polêmica envolvendo a ata do acordo,
aprovada em maio, também causou as demissões do presidente da Administração
Nacional de Eletricidade (Ande), Alcides Jiménez, e do diretor paraguaio de
Itaipu, Alberto Alderete. As demissões foram anunciadas na
última segunda-feira (29) pelo porta-voz da presidência do Paraguai,
Hernán Hutteman, que disse terem sido aceitas pelo presidente Mario Abdo
Benítez.
Pesou nas demissões a acusação de que a ata do
acordo havia sido debatida e aprovada sem a devida transparência.
Autoridades e congressistas afirmaram que o
acordo negociado seria prejudicial ao Paraguai e que poderia causar um prejuízo
de até US$ 300 milhões.
Fonte:
Agência Brasil
Foto:
Caio Coronel
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